Devaneios e Loucuras

Simples verdades mentirosas e ilusões verdadeiras!

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Local: Mogi das cruzes, SP, Brazil

Intensidade e espontaneidade, assim a poesia acontece.

quinta-feira, junho 29, 2006

Palavra

Esse texto é de autoria de um grande amigo e professor Atanásio Mykonios (Grego). Quando li meus cabelos se arrepiaram, fui praticamente levado a êxtase. Percebam a profundidade do poema e a quantas reflexões filosóficas ele nos leva. Últimamente ando meio assim, sem confiar nas palavras. Tem como o ser humano ser algo sem elas?


Ouço as palavras e seus sons
Matéria que se estende pelo ar,
Sinto as palavras que soam e vibram
Mas onde elas estão?
Um facho de luz penetra pela fresta
O nome e’ dito e bendito
Forma e ser se multiplicam
Juntos se transformam em palavra
Sutilezas da vida ou da consciência?
Saber isto ou aquilo, pela palavra,
Conhecer as coisas que vêm da palavra
Infantilidades,
Sonetos
Conceitos e preceitos
Papeis e arvores, colocados a serviço da palavra
O que somos vem da palavra,
A memória distinta de tudo permanece
Mas no tempo, a palavra a transforma,
Os gestos e os instantes vividos,
As representações e elos,
As paredes caiadas e as impressoras,
Cometem, ambas, palavras inertes.
Como posso então, revestir meu corpo de palavra?
Ate o ponto fatal do erro:
Substanciar o erro e traduzi-lo em frenéticas pulsações,
Como se a palavra tivesse mais poder que eu mesmo,
Uma profundidade e as gavetas imersas na mente...
Cada qual com sua esperteza e sutileza,
As formas e as redondilhas são cabais,
Tanto que a vida permanece inteira,
Na morte e para aquém da morte.
O varal das palavras suspenso no ar,
Uma rajada de letras e um tiro certeiro,
Invadem perfeitamente os neurotransmissores,
Estou agora contaminado pela palavra,
Que me deixa estatelado pelo mundo afora,
Prostrado diante de suas expectativas mais cruéis,
E assim, me vou passo a passo pelo mundo da palavra,
Não sou quem a possui, não sou mais eu quem a compreende,
E’ ela que me domina e me crava o pescoço com suas mandíbulas,
E’ ela quem me rasga as vísceras e me coloca seu servo e inquilino,
Palavras e não mais que isto.

quinta-feira, junho 15, 2006

Apenas uma reflexão

Cansado desse papo febril de que o para sempre existe para as pessoas. O que se é difícil de entender, talvez de aceitar, é que nunca possuiremos uma pessoa, a única coisa que possuimos é nós mesmos. Nada com uma pessoa é para sempre. Chega dessa separação em que você vive o contato com outra pessoa do depois, você vive com outra pessoa o amor que diz ser eterno e diz ser do espirito. Para!, chega dessa bobagem, quem ama é o corpo, ou se transa com o espírito?, a razão, essa rebelde sem causa, ou talvez com muita causa, não aceita que amanhã uma pessoa pode "não ser mais sua". Tudo muda, as pessoas mudam, o corpo e a consciência mudam. As relações humanas serão muito mais verdadeiras quando aceitarmos a condição de que não possuimos ninguém e que ninguém é nosso. Assim vamos parar com essa hipocrisia de que eu te amo com a alma. Eu amo com o corpo, com o tesão e com a paixão! Se se cansar do tesão que sente por alguém, procura outro.

domingo, junho 11, 2006

Portamento

Visto um personagem que sou eu mesmo
E ando no meio dos outros que não são eles
Quando encontro um alguém que é aquilo
Tiro meu chapéu e puxo um papo

Ando sem me importar nem ligar para os que ligam
Porque eles ligam tanto que esquecem deles mesmos
Virando espelhos de algo que não são
E eu visto minha roupa e vou dumir


(... é por ai que acontece, todo dia, toda hora, todos os momentos... talvez eu também seja outros, num sei... mas é assim que me sinto perante a um mundo que se diz livre. Como se pode ser livre se as pessoas esperam que você seja como elas querem?)