Devaneios e Loucuras

Simples verdades mentirosas e ilusões verdadeiras!

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Local: Mogi das cruzes, SP, Brazil

Intensidade e espontaneidade, assim a poesia acontece.

sábado, setembro 29, 2007

Amor

Olhares que andam a procurar
Um e Outro, maravilhados
De perdidos encontrar
Somente encanto saudoso.

No céu, as estrelas a brilhar;
No mar, as ondas a cantar;
Na terra, um coração a queimar.
Apenas um a delirar?

Procuramos ´té em nós
A solução dessa confusão
Existencial, com medo de saber
Que no outro a solução está.

Dúbia confusão É
O que não é no agora,
Momento atômico-borbulhante
Na espera d´um conjunto-momento

Sem concret´abilidade. Vazio
Do outro, vazio do ter
O outro. E possuí-lo de forma
Singela. Gozosa...

( Ao som de Bob Berg: It was a very good year, do cd Another Standard. Música que traduz muito este poema, talvez até uma meditação sobre a mesma, que comecei a escrever no trem e terminei agora, neste som. Penso, hoje, que assim, essa explosão de matéria-vácuo, seja o amor.)

quinta-feira, setembro 27, 2007

Dorme sobre o meu seio

Dorme sobre o meu seio,
Sonhando de senhor...
No teu olhar eu leio
Um lúbrico vagar.
Dorme no sonho de existir
E na ilusão de amar.

Tudo é nada, e tudo
Um sonho finge ser.
O espaço negro é mudo.
Dorme, e, ao adormecer,
Saibas do coração sorrir
Sorrisos de esquecer.

Dorme sobre o meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.


(Às vezes é bom nos aquietarmos para ouvir a voz dos grandes que já foram. Postei hoje esse poema de Fernando Pessoa, um grande mestre dessa nossa lingua e, sem sombra de dúvidas, da poesia universal. Olhem a sutileza com que o Mestre trata essa dúvida do amor, que apenas quem passa momentos como esse é capaz de decifrar: Aqueles momentos em que nem um nem outro quer, querendo.)

quinta-feira, setembro 20, 2007

Moleque Maravilhoso

Eu nunca cometo pequenos erros
Enquanto eu posso causar terremoto
E das tempestades já não tenho medo
Acordo mais cedo

Eu nunca me animo de ir ao trabalho
Eu sou o coringa de todo baralho
Sou carta marcada em jogo roubado
A morte ao meu lado

Eu sou o moleque maravilhoso
Num certo sentido o mais perigoso
Moleque da rua, moleque do mundo, moleque do espaço

Quebrando vidraças do velho Ricardo
Nesta vizinhança sou filho bastardo
Com o meu bodoque sempre no pescoço
Eu exijo meu, eu exijo meu, eu exijo meu osso
eu exijomeu osso
eu sou o moleque maravilhoso

(Grande letra do Raul. Ela vai muito bem com o meu momento. Que momento é esse se somos o que agente foi, e o agora é uma eterna e longínqua lembrança do que já passou com tijolos de fogo dum eterno escuro que é o futuro?)

quarta-feira, setembro 12, 2007

Amor biológico (artigo)

O amor, licor de vários corações. Ora de choro, ora de alegria, quem é “esse” que a todos os seres humanos em algum (ou alguns) momento da vida são apresentados? O que é isso que é capaz de mover montanhas para se concretizar? Estarei mostrando, com este artigo, uma das muitas facetas disso que chamamos amor.
Por mais que queiramos aumentar o amar, ele é uma coisa não tão complicada (quem o complica somos nós) e tão pouco coisa para poucos. Schopenhauer, em seu livro Metafísica do Amor, diz que “Todo enamorar-se, por mais etéreo que possa parecer, enraíza-se unicamente no impulso sexual”(MA,7). Esse impulso sexual é o instinto. Um dos maiores problemas do humano é a dificuldade de se entender mais uma espécie na face da Terra, uma espécie como, ou quase como, todas as outras espécies. “Ele (amor), ao lado do amor à vida, mostra-se como a mais forte das molas propulsoras”(MA,7), isto é, o amor, que podemos chamar de instinto de reprodução, ao lado do instinto de sobrevivência, são da natureza humana, e são eles que movem o humano, assim como movem qualquer outro animal. Como disse Max Schiller: O que move o mundo é a fome e o amor.
O instinto é algo já dentro do humano. Quando vemos uma pessoa e sentimos aquele estardalhaço de sensações, quem agiu foi o instinto. Ele procura uma outra pessoa para completar a si mesmo. Mas o que é esse instinto? Para Schopehauer, “o fim último de toda disputa amorosa é realmente mais importante que todos os outros fins da vida humana. De fato, o que é decidido não é nada menos do que a composição da próxima geração”(MA,8). Isso quer dizer que, em detrimento dos indivíduos, o que está em jogo no amor é a geração vindoura, é a criança a ser procriada. O instinto então seria a briga da espécie por continuar a viver, pois é apenas ela que possui vida eterna. “O problema do amor trata da existência e constituição especial do gênero humano nos tempos vindouros, e na qual, por isso, a vontade do indivíduo entra em cena numa potência mais elevada, como vontade de espécie”(MA,9). Essa vontade de espécie podemos chamar de instinto.
Mas porque por uma pessoa sentimos tais coisas e por outras não? Quando “examinamos” a outra pessoa, “este investigar é a meditação do gênero da espécie sobre o possível indivíduo que ambos poderiam procriar e a combinação de suas qualidades”(MA,34), para cada indivíduo há um outro que combina com suas qualidades, sempre tendo em vista o melhor da espécie. Essa vontade por uma pessoa que vai aumentando, é já a vontade do indivíduo que está por nascer, é a vontade da espécie em continuar a existir. Assim, os amantes acham que estão sentindo aquela coisa eterna, que dizem não acabar, mas não enxergam que estão sendo “usados” por algo bem maior: A espécie. Ou podemos até dizer: Somos usados pela Natureza. “O que, portanto, guia aqui o Homem é realmente um instinto, orientado para o melhor da espécie, enquanto ele imagina procurar apenas o supremo gozo pessoal”(MA,18).

sábado, setembro 08, 2007

As miragens e o Eu-desconhecido

E foi! O tempo passou
E agora não volta mais.
Mais uma página virada
De um livro que tem fim.
Por que as coisas são
Do jeito que elas são?

Coloquei novamente a música,
Mais uma vez escuto-a
Em um lamurioso entardecer.
Longínquo frescor ilusório
De que é apenas mais um dia.
É O dia!

Simplesmente porque todo dia,
É o último. Todo segundo,
É o último suspiro do agora,
Que nunca aparece, mas
Que sempre percebemos;
Escondido Eu.

No fundo, quem realmente sou?
Se pr´os outros sou o que
Manifestei, sou aquele que age,
Sou a minha ação, quase
Sem ser eu mesmo,
Sou o Eu-manifestado.(?)

E eu conheço esse outro
Eu-mesmo: é meu passado,
Que sempre diz quem fui,
E pr´ele não existe mentira.
Como podem os fatos
Mentir? O que é
É o que aconteceu.

Lembro de quem sou eu,
Mais uma vez de frente a mim,
De frente ao que sou.
O sol continua a brilhar,
Dando seus últimos suspiros,
Mas ele está parado!

Porque penso então?
Tudo o que a minha cabeça vem
É eu mesmo? Eu
Falando comigo, de mim
Para mim?(!) E o que falo,
Já sei que falarei?

Se não sei, quem é
Que fala por mim?
Mas quando fala sou eu(?)
Quem, afinal, sou Eu???
O que age? A ação?
Ou aquele que não conheço
De mim?

quarta-feira, setembro 05, 2007

Velório

Esquelética enfraquecida, cheirava
A pó, num tempo pós(,) inverno
Enriquecido álibi desejoso
De diversos sentidos, disformes
Pelo Tempo, nosso Sereníssimo!

Para trás, nada se volta:
Viro pra direita, pra esquerda
Mas sempre estou indo pra frente.
O próprio fato de Ir,
Já me condena a isso.
Pena cruel pr´um pássaro
Como Nós.

E porquê, enfim
Um des-final revelado
Pela cinza de algo
Que parar não pode!(?)
E Todo o resto a Minha volta;
Numa maciça explosão
De Eu´s, todos iguais!
Mas no´que diferem?
Semelhança-Diferença
Fúnebre, que é onde
todos cairemos.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Afastados-Juntos

Não garota, ninfa!, não tentes
Esconder-te do Sol,
Viçoso fogo irritante
Martelando no corpo teu
Arde, em formato emoção;
Encantamento astucioso
Do instinto que deseja,
Mais profundamente do que
O Nada, ver o próximo
De nós dois feito,
Feto que nos enlouquece
De muito querer, que nem queremos
De tanto que agente quer.